quarta-feira, 14 de outubro de 2015

O Rei Que Foi E Um Dia Será

Uma obra que costuma fazer parte de muitíssimos TOP10 de melhores livros de fantasia. Quantas vezes não ouvi eu falar bem de T.H. White? O primeiro livro, o livro que inspirou o filme da Disney "A Espada Era A Lei". Claro que tinha que ler.

A colecção consta em quatro livros mas a edição portuguesa que arranjei tem dois: O primeiro contém o primeiro e segundo livro e o segundo contem o terceiro e o quarto. Fiquei a saber que existe um quinto que saiu depois, mas já vi muitas reviews a dizer que não vale a pena ler. Não o vou fazer.


O Rei Que Foi E Um Dia Será

"The Once And Future King"

1.º A Espada na Pedra ("The Sword in the Stone")
2.º A Rainha do Ar e das Trevas ("The Queen of Air and Darkness")
3.º The Ill-Made Knight ("O Cavaleiro Feio")
4.º A Candeia ao Vento ("The Candle in the Wind")
de T. H. White


Comecei a leitura bastante entusiasmada, estava muito curiosa em ver como um livro com uma história tão infantil como o filme ia evoluir para um tema mais adulto e sombrio. Mas que posso eu dizer? Odiei. Odiei cada capítulo desta colecção. Foi quase um massacre ler tudo e por muitas vezes quis desistir. 
Realmente, o primeiro livro é super mas digo mesmo, SUPER infantil. Eu gosto muito de livros infantis mas não suportei aquela escrita e ainda menos o narrador. Deuses, como detestei o narrador. Conforme vamos andando temos esperança que tudo melhore e se torne mais crescido, uma vez que segue o crescimento de Artur. Em parte sim, perde um pouco do tom infantil mas ele vai continuar lá até ao fim. Começa a abordar temas mais adultos mas, infelizmente, sempre muito por alto. Não tem problemas em dizer "filha da p*ta", nem a falar de incesto, adultério e assassínio mas nunca perde o tom de "cabeça no ar" de criança. É estranho ter tudo isso junto mas entendo que antigamente às crianças não lhe eram tão escondidas essas coisas do mundo, zero problemas com os temas crescidos mas lá está, não suportei a escrita. C.S. Lewis conseguiu tão bem escrever livros infantis e abordar temas crescidos sem recorrer à escrita educativa "para ensinar meninos burros". Se T.H. White não toma as crianças por menos inteligentes para falar de certos temas, porque usa uma escrita que parece que está a falar com um bebé? Pronto, adiante. Não gostei da escrita.

Outro ponto que me incomodou tanto como a escrita era os devaneios. Mais de metade do livro (e não estou a brincar) fala de comparações a situações de História que ainda não aconteceram no tempo do Rei Artur. O Merlim vive de frente para trás e é ele que começa a trazer assuntos do futuro para o passado mas depois também o narrador o faz. Comparar o Artur a outros reis que estão longe sequer de terem nascido? Falar de gangs e coisas modernas? Por amor à santa... E pior, achei que isso não serviu de nada e em nada contribuiu para a história. Admito que a partir do terceiro livro quando essas coisas começavam passava à frente. Não suportava. Conseguiram ser capítulos inteiros sobre NADA que tivesse alguma ligação à história principal. Uma absoluta perda de tempo.

Temos também lá enfiado o Robin Hood. Sim. Adoram falar em Tristão e Isolda. Falam do país do Rei Artur como se fosse já Inglaterra. Já existe a Torre de Londres, já existem cidades conhecidas de Inglaterra. Tudo isto quando Inglaterra ainda nem sequer era Inglaterra. Adoro História e adoro lendas do Rei Artur e isto tirou-me completamente do sério. Não considero que nada ali escrito tenha alguma credibilidade. É só uma história. Certo, aceito isso. Não quer dizer que tenha que gostar. 


Depois os diálogos entre personagens são imensamente pobres. Conseguimos ter falas do género: «- Vai-te embora.» «- Porquê?» «- Estou farta de olhar para ti.» «- Está bem. - e ele vai-se embora.»
GAAAH!! Num momento existe uma tentativa de ensinar assuntos filosóficos sobre o bem e o mal a crianças e depois temos falas de livros para meninos de 5 anos? As falas nem sentimento transmitem! Credo.

Conseguimos aprender mais sobre Lancelot do que sobre Artur. E a Genever mete nojo de tão incoerente que é. E todos os filhos de Morgause e Lot são passados da cabeça. Para aparecer personagens novas as antigas são completamente postas de parte e não se sabe mais sobre elas.
Outra coisa que não gostei mas pronto, aceita-se. É que normalmente vê-se que o Artur cometeu incesto com a meia-irmã Morgana. Aqui é com a meia-irmã Morgause. Por normal Morgause é tia de Artur, irmã da sua mãe, mas adiante, nada de grave.

Basicamente, como se pode ver, não gostei nada do que li. Não achei os livros coerentes em nenhum sentido. E T.H. White descreveu ao pormenor a Morgause a cozinhar um gato vivo. Foi nojento e odeio o T.H. White.
Não quero de todo ler mais nenhum trabalho por este autor. Sinto-me em parte mal por tanta gente adorar estes livros e por eu simplesmente os desprezar. Se calhar eu é que sou estranha... Só não lhe dei pior nota porque os livros, apesar de tudo, não são completamente desprovidos de inteligência. Foi uma experiência dolorosa. 

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